O deejay conta, com exclusividade para o PLUGtronic, sobre sua nova casa: Club YACHT.
Há cerca de dois anos, em 2010, num final de maio eu estava ali ao lado das pickups quando ouvi um som diferente do que costumava-se tocar. Em princípio me deixei levar por aquela nova sonoridade que com o passar das horas ia me conquistando um pouco de cada vez. Não era um som intrusivo, invasivo; para quem aprecia a qualidade e técnica musical foi uma grata e.boa surpresa ser apresentado ao novo DJ residente, Guto Bumaruf, cidadão italo-brasileiro que trouxe um pouco da Europa para seus sets #paranossaalegria.
Guto ou Augusto, o que combina mais com o patamar ao qual elevou a exigência de sua audiência, não é desses levados pelo glam da vida de deejay que se espalha por aí. Ele vive e respira ondas sonoras, sendo profissional do som, responsável pela engenharia sonora de alguns bons projetos Brasil a fora.
Ele é desses deejays dos quais não se espera o óbvio, aliás nunca sabemos o que esperar de suas apresentações a não ser excelentes surpresas em termos de qualidade sonora, setlist e mixagem. E como é bem a cara dele, mais uma surpresa surgiu nesta última semana e que causou um buzz danado nas redes sociais e comunidades especializadas:
Guto Bumaruf vai dividir a residência da recém inaugurada YACHT, clubinho trend que já conta com o um time de peso no lineup e festas comentadas pelos corredores da concorrência, com João Neto, vindo da mesma casa da qual Guto agora se despede depois de bons tempos de trabalhos e alegrias.
Maaaaas… Como a gente gosta mesmo é de falar de música e das boas, resolvi chamar o Guto pra um batepapo com o PLUGtronic pra gente falar de coisa boa (não estou falando de Toptherm) e do que a gente pode esperar desse mercado em movimento que é tudo que a gente precisa: mudanças!
Guto, vou tentar não fazer tietagem – e vamos falar do que interessa.
01. Como é que você foi/veio aportar na YACHT?
Posso dizer que foi tão inusitado para mim quanto para vocês. O encontro dos interesses foi um fator primordial.
O2. Você e sua família vivem o dia-a-dia das baladas. Isso influenciou algo na sua decisão?
Não creio que isso tenha me levado a qualquer decisão.
03. Como é que você veio parar na música eletrônica?
Meu interesse por música surgiu quando criança. Meus primeiros contatos foram os instrumentos violão, guitarra e piano mas não imaginem que sou algum expert… O que veio a me mostrar mais a frente, por volta de 1994, qual seria meu real caminho…
04. A gente sabe que se a empresa na qual trabalhou recebe grandes elogios em relação à técnica do som na medida, deve-se a sua exímia perícia. Qual sua formação exatamente?
Creio que eu tenha esse mérito mas, isso deve-se também ao continuo investimento no profissional e em tecnologia.
Infelizmente no nosso país não temos nenhum curso de engenharia de áudio, então, acabei me contentando com vários cursos técnicos, além de ser um autodidata por natureza, o que me faz ler, estudar e pesquisar tudo o que surge em tecnologia desse seguimento.
05. O que te levou a mudar o curso de sua carreira?
Na verdade, eu acredito que foi mais uma do destino…
06. Em quê o Guto Bumaruf vai somar à YACHT?
Em tudo que eu puder, pois me dedico de corpo e alma quando acredito em propostas inovadoras. Meu compromisso é em “somar”, o que nesse aspecto não concordo com “Vinicius de Moraes” PRA QUE SOMAR SE A GENTE PODE DIVIDIR…rsss
Enfim, mas o que vocês podem esperar é o nosso empenho em oferecer a cada noite uma grande festa com muito groove e swing.
07. Tem algum dedo seu na engenharia de som da YACHT? Bons profissionais sempre chegam renovando concentualmente e tecnicamente as empresas nas quais ingressam.
Tive participação no projeto do club, mas, não é propriamente meu, é do “Lonardi Donà”, profissional consagrado e responsável em projetos dos Clubes mais representativos do País.
08. Vamos falar de conceito musical. O que não pode faltar em um set perfeito? Seus sets são sempre impecáveis; tem algum segredo?
Não. Não existe receita (só as sigo para fazer bolo), o que não pode faltar é a alma, só faço aquilo em que eu acredito, porém a percepção é de cada um. Pesquiso muito e ouço pelo menos 50 músicas novas toda semana.
09. Como você vê a cena eletrônica do Brasil? Quais os erros dos quais ainda não nos livramos?
Já vivemos pontos bem mais altos, mas creio que estamos no caminho para uma consolidação mais desprendida ao modismo.
10. No PLUGtronic, a gente tem um certo receio dessa mania de “deejaylização” da cena, onde qualquer pessoa pensa ser deejay e esquece que é preciso estudo teórico e prático para uma discotecagem de qualidade. Qual sua opinião sobre essa questão?
Acho que realmente existe uma banalização dessa profissão. Teoria e prática é muito pouco, não basta querer ser DJ, tem que ter vocação!!! Além de viver e respirar música & arte por devoção.
11. Que tipo de som nunca vai faltar na sua casa? O que você costuma ouvir?
Ouço um pouco de tudo, bossa, jazz, mpb, rock até alguma coisa de música clássica.
Mas confesso, o que mais ouço é HOUSE MUSIC!
12. O o que você não ouve?
Prefiro não comentar… (risos)
13. Nas escolas estaduais de São Paulo, música se tornou uma matéria obrigatória. Qual a importância disso para a formação de uma boa platéia? Você pretende direcionar o filhote em relação a isso?
Acho bem importante. Afinal, como vamos mostrar a diferença em qualidade se não tivermos um público crítico? Mas, vejo que a influência do rádio e tv ainda é um divisor de águas muito forte nesse sentido. É difícil, somos produto do meio em que vivemos.
Quanto ao filhote, é claro que ele sofrerá as influências das minhas opiniões, porém quero que ele aprenda a não dizer “sim” a tudo que ouve.
14. Como você vê seu futuro? Projetos? Novidades? Ajuda a gente a dar um furo (risos)!
Eu adoraria que o dia tivesse 48 horas… Preciso me dedicar mais a produção e voltar a estudar música.
Ainda estou decidindo qual agência devo entregar minha agenda, quero me dedicar bem de perto nisso e responder positivamente aos convites para as Gigs do oiapoque ao chui, afinal, agora o leque é maior em possibilidades.
Confira o último set que o DJ gravou ao vivo – São três horas de set, mostrando um house music animado e sofisticado, a cara do Guto.